A China quer dominar o espaço

Hugo Cruz

10 de junho de 2022

Após lançar o primeiro módulo de sua estação espacial Tiangong, ou “Palácio Celestial”, em órbita no ano passado, a China finalmente parece ter entrado na corrida espacial. Até o final deste ano, pretendem agregar mais módulos, como o laboratório científico Mengtian. 

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Nave espacial tripulada Shenzhou-14 (Imagem: Reprodução / Xinhua)

Um grande passo para a China na corrida espacial

Além do Tiangong, que será auto-suficiente em energia, propulsão, suporte de vida e alojamento, o país pretende também lançar o telescópio espacial Xuntian no próximo ano. A nave se aproximará da estação espacial onde ficará atracada para manutenção e reabastecimento.

Depois da União Soviética (agora Rússia) e dos Estados Unidos, a China é o terceiro país na história a enviar humanos ao espaço e estabelecer uma estação espacial, Tiangong, um grande projeto para o país que pode até substituir a Estação Espacial Internacional (ISS), sendo supostamente desativada em 2031.

Substituir só em modo de falar, afinal, a relação entre os EUA e a China impede que exista troca de dados, ou colaboração, entre a agência espacial norte-americana, NASA, e a chinesa, CNSA

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Mas os objetivos da China não se limitam a isso. Ela planeja coletar amostras de asteroides próximos à Terra em alguns anos e pousar suas primeiras pessoas na Lua até 2030, além de enviar sondas a Marte e Júpiter para coletar materiais.

E a corrida espacial se acirra

Enquanto isso, vários outros países estão tentando alcançar a Lua ao passo que a China estende sua posição no espaço.

Até a NASA quer voltar ao satélite natural a partir de 2025, levando astronautas dos Estados Unidos e de outras nações, e já lançou seu novo enorme foguete SLS no Centro Espacial Kennedy. Japão, Coreia do Sul, Rússia, Índia e Emirados Árabes Unidos também estão trabalhando em missões lunares.

A Índia já empreendeu sua segunda grande missão lunar e, assim como a China, pretende ter sua própria estação espacial operacional até 2030. Já a Agência Espacial Europeia, que está trabalhando em missões lunares ao lado da NASA, está construindo uma rede de satélites lunares para facilitar a comunicação entre à Terra e os astronautas.

Quem decide quais são as regras do espaço?

No momento, nenhuma nação pode de fato reivindicar qualquer território no espaço. Isso se deve a um acordo internacional fechado em 1967, o Tratado do Espaço Exterior das Nações Unidas.

Já o Acordo da Lua das Nações Unidas, feito em 1979, afirma que o espaço não deve ser utilizado para fins comerciais, mas os Estados Unidos, a China e a Rússia se recusaram a assiná-lo, deixando suas intenções bem claras.

Anos depois, os Estados Unidos estão defendendo os Acordos de Artemis, que estabelecem como os estados podem trabalhar juntos para utilizar os recursos da Lua. A Rússia e a China se recusaram a aderir aos acordos, alegando que os EUA não têm poder para estabelecer regulamentos espaciais.

A China no espaço

A China lançou seu primeiro satélite em órbita em 1970, durante a Revolução Cultural. Na época, apenas os Estados Unidos, a União Soviética, França e o Japão se projetaram ao espaço.

Nos últimos dez anos, o país disparou cerca de 200 foguetes, coletou e devolveu amostras de rochas e até fixou uma bandeira chinesa na superfície da lua através da missão não tripulada Chang’e 5. A bandeira em questão era intencionalmente maior do que as bandeiras americanas anteriores.

Com o lançamento do Shenzhou 14, a China já enviou 14 astronautas ao espaço, em comparação com os 340 dos Estados Unidos e mais de 130 da União Soviética (e agora a Rússia).

Mesmo assim, o país parece estar se estabelecendo a passos largos como uma potência de exploração espacial. E visto que a estação esteja pronta, a China poderá ultrapassar Rússia e os EUA, que mesmo “trabalhando juntos” parecem não estar em bons termos.

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Hugo Cruz

Redator Profissional, Comunicador Social e especialista em Produção de Conteúdo Web. Formado em Letras - Inglês e Administração. CEO da Agência Digital Comunicalize.