Moeda livre e obscura: Bitcoin ajuda grupos paramilitares pró-Rússia a evitar sanções econômicas

Moyses Batista

3 de outubro de 2022

Grupos paramilitares pró-Rússia já arrecadaram mais de US$ 400 mil em Bitcoin através de doações. A medida seria uma das vias úteis para driblar as sanções direcionadas a potenciais financiadores da guerra contra a Ucrânia. Os dados vieram a público após um relatório da TRM Labs.

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Bitcoin ajuda Grupo Paramilitar Russo

Bitcoin ajuda Grupo Paramilitar Russo – Imagem: Reprodução/Pexels

US$ 400 mil em Bitcoin podem ser apenas o começo

O dinheiro, que também vem por campanhas no crowdfunding, tem como finalidade apoiar as operações paramilitares na Ucrânia. Desse modo, as informações da TRM Labs apontam que um dos grupos que estavam recebendo apoio por Bitcoin, é o “Task Force Rusich”.

Recentemente, ele foi definido como um “grupo paramilitar neonazista”, pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Tesouro dos EUA (OFAC). No mês passado, o grupo também recebeu uma sanção da OFAC incluindo dois líderes.

Entre os interesses dos grupos que estão recebendo apoio, a TRM Labs identificou que a maioria direcionou o dinheiro para a compra de “dispositivos de imagem térmica e rádios, entre outros itens”. E embora os valores pareçam insignificantes perto de uma guerra que demanda milhões para acontecer, há algo com o que os pesquisadores se preocuparam.

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O uso das criptomoedas e o início de um problema bem maior

Realmente, US$ 400 mil pode apresentar um pequeno impacto, ainda mais se considerarmos a ajuda que a Ucrânia recebeu dos EUA. Mas o que preocupa não são os valores em si, mas o meio utilizado.

Um dos canais seria o Telegram, onde os grupos fazem as suas campanhas através de mensagens. Um destaque que a Decrypt trouxe foi referente à Unidade de Resposta Rápida Especial (“SOBR”), que levantou cerca de US$ 174 mil em criptomoedas no app. Este grupo, contudo, teria utilizado o dinheiro para comprar equipamentos de sobrevivência e combate.

Assim, a própria TRM Labs levantou a hipótese de que a adesão às doações por Telegram seria uma resposta às sanções impostas. Há indícios de que o próprio aplicativo é um meio para transferir criptomoedas, e alguns mercados darknet e exchanges não compatíveis estariam ajudando a Rússia a converter essas moedas digitais para dinheiro fiduciário (o dinheiro do “passado”, como você recebe seu salário).

O chefe de investigações globais da TRM Lab, Chris Janczewski, deu uma entrevista à CNBC, onde falou sobre este assunto. Ele destacou que apesar dos números aparentemente pequenos, eles dão um indício do que pode acontecer em um futuro próximo:

“É claro que você pode ver um número maior de dólares no sistema bancário fiduciário tradicional, mas à medida que as sanções apertam vários grupos, eles podem fugir desses sistemas financeiros tradicionais, e as criptomoedas são certamente um caminho que eles podem seguir”.

Com informações: Decrypt, TRM Labs

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