A culpa é de quem? TikTok lucra com o sofrimento de pessoas em transmissões ao vivo

Moyses Batista

17 de outubro de 2022

O mundo da internet pode parecer apenas glamour (ao menos no Instagram), mas a cada dia fica mais evidente, que a vida não é isso. Pessoas na Síria, em situação de extrema vulnerabilidade estão expondo suas vidas em busca de compaixão. Porém, das transmissões ao vivo no TikTok, a empresa recolhe 70%.

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TikTok lucra com o sofrimento

TikTok lucra com o sofrimento – Imagem: Reprodução/Freepik

Cadê o lucro, TikTok?

Existe um ditado rude no capitalismo que é: “enquanto algumas pessoas choram, outras vendem lenços”. Melhor do que isso, é não precisar fazer nada enquanto as pessoas choram e te dão dinheiro. E parece que é neste segundo caso que o famoso TikTok está. 

Na ocasião, famílias em campos sírios têm optado por fazer transmissões pedindo presentes, que podem ser trocados por dinheiro. No entanto, boa parte das arrecadações está ficando na mão da rede social. A denúncia partiu da BBC, que observou pessoas ganharem até US$ 1000 na hora, e ficarem apenas com uma pequena porção. 

Segundo a companhia de informação, eles não observaram apenas durante algumas horas uma única conta. A BBC acompanhou 30 contas no TikTok durante 5 meses, e não foi apenas uma vez que ela viu alguma transmissão arrecadando mais do que US$ 1000.

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Rede social alega que tipo de conteúdo é proibido

Embora a BBC tenha feito contato, o TikTok não revelou qual era o valor dos repasses em cima dos presentes que as pessoas recebem nas transmissões. Desse modo, a equipe fez um teste, montaram uma conta como se fosse a de um refugiado.

Durante a live, outra parte da equipe fez doações, de modo que, ao fim, dos US$ 106 doados, apenas US$33 estavam disponíveis na conta. Ou seja, cerca de 69% da receita ficou na mão do TikTok. Além disso, em torno de 10% fica retido no momento do saque, assim, o usuário recebe em torno de US$ 20.

O TikTok divide esse dinheiro com uma equipe de ‘intermediários’, que fica com cerca de 30% do valor. Estes intermediários são uma espécie de funcionários da rede, que auxiliam outras pessoas a fazerem transmissões mais atraentes.

Um ponto interessante é que a BBC tentou denunciar as 30 contas que ela acompanhou, mas não teve sucesso em removê-las do ar. Por outro lado, após informar sobre a investigação, as contas simplesmente sumiram, seguidas de uma resposta da empresa:

“Estamos profundamente preocupados com as informações e alegações trazidas a nós pela BBC e tomamos medidas rápidas e rigorosas. Esse tipo de conteúdo não é permitido em nossa plataforma e estamos fortalecendo ainda mais nossas políticas globais sobre mendicidade exploratória.”

Uma afirmação que parece um tanto contraditória, pois, ao que parece, fazer live para implorar por dinheiro está se tornando uma tendência nos campos sírios.

Fonte: BBC

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