Os boletos sempre apertam e economia pode frear crescimento da indústria espacial

Hugo Cruz

25 de junho de 2022

Executivos alertam que dificuldades econômicas mais amplas, bem como o desempenho de algumas companhias que realizam negócios envolvendo o setor, podem frear o crescimento da indústria espacial nos próximos anos.

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Crise econômica pode congelar desenvolvimento espacial (Imagem: NASA on Unsplash)

Problemas econômicos vão frear crescimento da indústria espacial, mas nada de extraordinário

Segundo Lars Hoffman, vice-presidente sênior de serviços de lançamento global da Rocket Lab, o negócio não está imune as dificuldades econômicas maiores, por exemplo, interrupções na cadeia de suprimentos, inflação e crescentes temores sobre uma possível recessão.

Estamos vendo agora um pouco de resfriamento acontecendo dentro da indústria”, disse Lars, durante um painel de discussão na Space Tech Expo, em 25 de maio. “Esse aquecimento do mercado que vimos nos últimos anos, quando os tempos eram um pouco melhores, exceto o COVID, está começando a se dissipar um pouco.

Segundo ele, esse é um processo natural do mercado e nada de extraordinário, embora saia um pouco do eixo de previsões feitas nos últimos anos.

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Haverá um pouco de calmaria, se assim quiser chamar, durante o próximo ano ou dois, e então as coisas devem começar a melhorar novamente (…) Ainda está crescendo. Só não está crescendo tão rápido quanto previmos, ou esperávamos, há dois ou um ano atrás”, completou.

Situação pode afastar investidores

Existe a preocupação de que o problema vá além das condições econômicas e que o interesse dos investidores nas empresas espaciais é o que pode estar diminuindo.

Em um painel da conferência, no dia 24 de maio, Jordan Noone, cofundador e sócio geral da Embedded Ventures e cofundador da Relativity Space, disse que o desempenho das empresas espaciais que abriram capital no ano passado por fusões com empresas de aquisição de propósito específico (SPACs) poderiam deter mais investimentos. Nos últimos meses, os valores das ações dessas empresas caíram vertiginosamente.

O fato de que a comunidade SPAC espacial teve alguns dos piores retornos e exposição quando  se tornaram públicas vai assombrar a comunidade de investidores em crescimento por 5 ou 10 anos”, disse ele.

Seu medo é que essas empresas passem a ser consideradas investimento de risco, o que faria com que os investidores abandonassem o mercado partindo para indústrias como a de tecnologia da informação, consideradas um investimento seguro.

SPACs enfrentam dificuldades após ir a público

Um exemplo de empresa que se tornou pública através de uma fusão SPAC é a Rocket Lab, que mesmo superando uma boa parte dos seus concorrentes constatou o preço de suas ações despencar ao longo de vários meses e hoje vale menos da metade do valor original de US $10 por ação do SPAC.

É um caminho difícil (…) É melhor você ter seus negócios em ordem antes de fazer isso, se quiser sobreviver, quanto mais prosperar”, disse Hoffman sobre ir a público.

Segundo ele, a estratégia adotada pela empresa para contornar a situação e se estabelecer foi a diversificação dos seus negócios, tentando atender a uma ampla gama de setores. “Você está construindo dentre a diversidade porque esses mercados tendem a subir e descer em ciclos diferentes”, disse ele.

Enquanto a afirmação de que o mercado não está favorável para empresas do setor que vão à público é verdadeira, parece que nem todas as empresas compartilham do mesmo destino. Um bom exemplo disso é a Launcher, cujo CEO, Max Haot, afirmou em uma entrevista no dia 24 de maio, estar enfrentando uma grande demanda.

Quadro que Haot disse que espera continuar devido à importância geopolítica do espaço, citando o papel que os satélites comerciais desempenharam no conflito entre a Ucrânia e Rússia.

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Hugo Cruz

Redator Profissional, Comunicador Social e especialista em Produção de Conteúdo Web. Formado em Letras - Inglês e Administração. CEO da Agência Digital Comunicalize.