Jogo mental: cientistas fazem células cerebrais vivas jogarem Pong, um clássico dos games

Rodrigo Pscheidt

19 de outubro de 2022

Cientistas do Cortical Labs conseguiram um feito muito interessante: eles conseguiram fazer algumas células cerebrais vivas (fora do corpo humano) aprenderem a jogar Pong, um dos maiores clássicos do mundo dos games!

publicidade

Fonte: Unsplash/Reprodução

A experiência faz parte de um estudo muito mais amplo, que visa entender como o cérebro aprende. A inteligência artificial e o machine learning poderão se beneficiar desse tipo de estudo no futuro. Esse conhecimento pode facilitar a missão de tornar computadores mais inteligentes.

Cérebro x máquina

O cérebro humano é uma máquina formidável e facilmente adaptativa. E a inteligência artificial já evoluiu muito, mas ainda “trava” em certos processos.

Por exemplo, se você aprendeu a fazer café, consegue fazer uma xícara em qualquer cozinha. Afinal, fazer café na sua casa ou na casa de um amigo é a mesma coisa. Os itens necessários para isso vão estar em outras gavetas e armários, mas você “se vira”, como explica o cientista Brett Kagan:

publicidade

“Você pode nunca ter ido à casa de outra pessoa, mas procurando um pouco, provavelmente poderá fazer uma xícara de chá decente, desde que tenha os ingredientes”.

Uma máquina não consegue fazer isso. Em outra cozinha, um computador ficaria totalmente perdido e acabaria não conseguindo cumprir mesmo uma tarefa que já lhe é conhecida.

Essa nossa capacidade de “se virar” ocorre graças às nossas células cerebrais. Elas são capazes de se adaptar a novas tarefas em ambientes desconhecidos de uma forma que os computadores simplesmente não conseguem.

Células cerebrais e Pong

Ao colocar células cerebrais em contato com uma versão simplificada do jogo Pong, o intuito dos cientistas foi justamente estudar se elas podiam aprender a jogar, ou seja, adquirir um comportamento novo.

Inicialmente, nada aconteceu. As células cerebrais não respondiam aos estímulos do jogo, simplesmente porque não havia “motivação” para elas jogarem.

Os cientistas resolveram isso utilizando impulsos elétricos para estimular as “jogadoras”. As células recebiam uma explosão bem organizada de atividade elétrica, se acertassem. Caso errassem, o resultado era um fluxo caótico de ruído branco.

Ou seja, as células passaram a responder ao jogo ao serem condicionadas a trabalhar com recompensas específicas.

Não é como se elas estivessem jogando conscientemente. Mas elas sabiam qual resultado queriam: a atividade elétrica bem organizada. Células cerebrais querem prever o que está acontecendo em seu ambiente. Por isso, escolhiam a ação que geraria um estímulo previsível em vez da imprevisível.

Brett Kagan, cientista que conduziu a experiência, afirma que o resultado é bem surpreendente, considerando que foi realizado com menos células do que o cérebro de uma barata possui.

“Se você pudesse ver uma barata jogando Pong e ela conseguisse acertar a bola duas vezes mais do que errava, você ficaria bastante impressionado com essa barata”.

No futuro, talvez possamos ver como esse estudo revolucionará a maneira que os computadores aprendem e evoluem.

Com informações: Gamespot

O que você achou? Siga @bitmagazineoficial no Instagram para ver mais e deixar seu comentário clicando aqui

Jogos recomendados

Rodrigo Pscheidt
Escrito por

Rodrigo Pscheidt