Satélites despencam da órbita por conta do clima, mas dessa vez o Sol é responsável

Mariana Souza

26 de junho de 2022

Agência Espacial Europeia (ESA) afirma que satélites estão fazendo um mergulho na atmosfera por conta de vento solar. O início do novo ciclo da estrela traz alterações significativas em seu comportamento e afetam nossas operações espaciais.

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(Imagem: NASA/Unsplash)

Mergulho fatal de Satélites

A Agência Espacial Europeia (ESA) junto da missão Swarm notaram uma questão muito curiosa no fim de 2021: os satélites, que medem o campo magnético ao redor da Terra, começaram a afundar em direção à atmosfera a uma taxa incomum — até 10 vezes mais rápido que antes.

A mudança coincidiu com o início do novo ciclo solar e os especialistas supõem que pode ser o início de alguns anos difíceis para as espaçonaves orbitando nosso planeta.

Anja Stromme, gerente da missão Swarm da ESA, disse ao Space que o índice de “mergulho” na atmosfera feito por satélites está aumentando nos últimos cinco anos. A média é de 2 quilômetros por ano, entretanto, este número teve um aumento de dez vezes. 

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“Porém, desde dezembro do ano passado a taxa de afundamento entre dezembro e abril foi de 20 quilômetros por ano”. 

Faxina na órbita

É bem comum aos satélites que orbitam à Terra ter este comportamento, por conta do arrasto da atmosfera e, eventualmente, os satélites “retornam” ao planeta. Na verdade, eles geralmente não “sobrevivem” a reentrada e queimam. 

Esse arrasto atmosférico força os controladores da Estação Espacial Internacional a realizar manobras regulares de ajustes para manter a órbita da estação de 250 milhas (400 km) acima da Terra.

Isso também ajuda a limpar o ambiente próximo à Terra do lixo espacial. O fato é que esse mergulho depende da atividade solar — a quantidade de vento solar expelida pelo Sol, que varia dependendo do ciclo solar de 11 anos.

O último ciclo, que terminou oficialmente em dezembro de 2019, foi bastante tranquilo, com um número abaixo da média de manchas solares mensais e um mínimo prolongado de quase nenhuma atividade.

Entretanto, desde o outono passado, nosso astro maior está expelindo cada vez mais ventos solares, gerando manchas, erupções, ejeções de massa coronal crescentes e nosso planeta está sentindo os efeitos. 

Complicações ainda sem respostas

Stromme reitera existir muita complexidade no que está acontecendo. Ainda é um mistério para os pesquisadores, como as camadas superiores da atmosfera e a própria atmosfera vão reagir com os ventos solares desta maneira. 

A gerente de missão da Swarm afirma que “sabemos que essa interação causa uma ressurgência da atmosfera. Isso significa que o ar mais denso se desloca para altitudes mais altas.”

É o mais denso e alto que faz o arrasto nos satélites. Mesmo que essa densidade ainda seja incrivelmente baixa 250 milhas acima do planeta, o aumento causado pela atmosfera é suficiente para virtualmente enviar alguns dos satélites em baixa órbita de volta à Terra.

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